Diversidade genética de mimosa hatschbachii

Introdução: Apesar de ser o país com a maior biodiversidade do mundo, o Brasil é também um país cujos biomas vem sendo sistematicamente degradados, o que coloca em risco a sobrevivência de muitas espécies. Não é por acaso que cerca de 48% das espécies de plantas de ocorrência no país, que tiveram seus status analisado, encontram-se classificadas em alguma categoria de risco de extinção. Dentre elas se encontra Mimosa hatschbachii, classificada como “Em perigo” de extinção e endêmica ao estado do Paraná, onde se encontra distribuída em afloramentos rochosos. Objetivo: Como poucas informações são disponíveis para a espécie e a avaliação do status genético possibilita elucidar riscos de ameaça, o presente estudo teve por objetivo estimar os índices de diversidade genética de M. hatschbachii e obter informações acerca do status genético da espécie. Metodologia: O protocolo para obtenção de marcadores AFLP foi aplicado à 159 amostras, proveniente de sete populações distribuídas pelos afloramentos rochosos da região Centro-Sul do Paraná. A consistência e poder de discriminação dos marcadores foram verificadas por meio de uma curva de acumulação genotípica. Em seguida, análises de diversidade genética e de relações entre as populações foram realizadas. Resultados: Os 698 marcadores gerados foram suficientes e altamente informativos, evidenciando, de maneira geral, baixa diversidade genética para todas as populações, com índices que variaram de Hj = 0,11 (TUR1) à Hj = 0,15 (PAG). Também as relações genéticas, inferidas por Minimum Spanning Tree Network, sugerem estruturação genética e fluxo gênico restrito. De maneira geral, é esperado que espécies endêmicas e de distribuição restrita tenham níveis de diversidade genética menores do que espécies amplamente distribuídas, bem como maior estruturação, uma vez que a deriva genética, endogamia e seleção natural tendem a exercer maiores pressões nessas. Conclusão: Ainda assim, dada a importância da diversidade genética no processo de adaptação evolutiva, os índices encontrados em M. hatschbachii são preocupantes, especialmente pelo fato da espécie já se encontrar ameaçada. Por essa razão, ações de conservação devem ser priorizadas, de maneira a evitar perdas ainda maiores da diversidade genética da espécie, o que poderia inviabilizar sua sobrevivência a longo prazo.