ANÁLISE IN VIVO DA AÇÃO DO SECRETOMA DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS NA REGULAÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ANTICORPOS

Apesar do uso promissor com células tronco mesenquimal (CTM) e secretoma, não há indicativos de experimentos in vivo que reforcem a hipótese de que o secretoma de CTM modula a produção de anticorpos e eventualmente poderia ser usado na terapêutica de anemia hemolítica autoimune (AHAI). No geral, a terapia com secretoma tem um alto potencial para tratar várias doenças e condições degenerativas, mas no campo das AHAI não são encontrados ensaios. Para avaliar a possível atuação do secretoma de CTM murino, inicialmente foi expandida a células em cultura (entre primeira e quarta passagem) procedendo a caracterização imunofenotípica por citometria de fluxo usando painel de marcadores negativos e positivos e posteriormente procedido wash out para se obter o secretoma livre de soro fetal bovino (SFB). Foram semeadas 2,8 × 106 células em frascos T75 cm2 e após a verificação de confluência a 70%, foi adicionado o meio de cultura DMEM-F12 sem SFB, mantido por 48 horas. O secretoma foi coletado e submetido à dupla centrifugação, sendo uma de baixa rotação para eliminação de debris e a ultracentrifugação a 100.000g durante 60 minutos, sendo logo após aliquotado e congelado a -80°C até o momento do uso. Seis camundongos Balb-C, isogênicos foram imunizados em D0 com uma suspensão de hemácias a 5% por via intraperitoneal (IP), em D+7 iniciou-se o protocolo de dois animais controle CTRLE (recebem somente o antígeno), outros dois receberam suspensão de hemácias e secretoma por via intravenosa (MCEV) e outros dois suspensão de hemácias e secretoma por via intraperitoneal (MCIP). O Protocolo foi repetido mais 3x até D+45, quando foi procedida a esplenectomia e a coleta de sangue para a titulação de anticorpos. Os testes foram realizados com o soro do animal em técnica em tubo sem uso de artifícios. Observou-se que o título do soro do animal controle foi 128, enquanto daquele que recebeu MCEV 128 e do MCIP 64 apontando para uma provável ação inibitória do secretoma no processo de aloimunização. Ao analisar os aspectos histológicos do baço dos animais sacrificados, não foram observadas alterações que sustentem esta queda de título. Em corte histológico do baço houve em todas amostras a identificação de uma polpa branca hiperplásica com centro germinativo extremamente proeminente, presença de macrófago de corpos tingidos, metaplasia mieloide (presença de grande quantidade de megacariócitos exuberantes), presença de hemossiderina sendo polpa vermelha e cápsulas, normais. Houve a identificação sorológica de modulação do título de anticorpos séricos com uso de secretoma aplicado por via IP. Este resultado não foi identificado quando a via de aplicação venosa. Os aspectos histológicos do baço não corroboram com a hipótese de que houve um feedback negativo diminuindo a resposta imune. Ensaios adicionais com mais animais e colorações imuno-histoquímicas deverão ser realizados na sequência do trabalho.