Ingestão dietética e risco cardiovascular em crianças e adolescentes após tratamento de câncer

Novos tratamentos contra o câncer elevaram a expectativa de vida de crianças e adolescentes, porém, estão associados ao excesso de peso e consequentemente ao risco cardiovascular. O objetivo deste estudo foi relacionar a ingestão dietética, o tempo de remissão do câncer com os índices antropométricos relacionados com o risco cardiovascular em crianças e adolescentes após tratamento de câncer. Estudo transversal realizado com crianças e adolescentes, ambos os sexos, acompanhados pela AVOSOS na cidade de Aracaju/SE. Os voluntários foram avaliados quanto aos aspectos clínicos, antropométricos (peso, estatura, circunferência da cintura [CC], índice de massa corporal e relação cintura/ estatura) e consumo alimentar pelo recordatório de 24 h. Testes de correlação de Pearson ou Spearman foram aplicados, sendo p<0,05 significativo. Foram avaliados 24 indivíduos (45,8% crianças e 54,2% adolescentes), média de idade de 11,6 ± 0,84 anos e tempo de remissão da doença de 26,2 ± 16,6 meses. Os tipos de cânceres relatados foram leucemia, de cabeça e pescoço, linfoma e outros tipos (33,3%, 25,0%, 25,0% e 16,7%, respectivamente). O excesso de peso/ obesidade, de gordura abdominal e risco aumentado para doença cardiovascular foi observado em 62,5%, 41,7% e 58,3% da amostra, respectivamente. A maioria dos participantes apresentou ingestão insuficiente de fibras (95,8%), cálcio (91,7%), ferro (66,7%) e potássio (100%). Correlação positiva foi observada entre CC com a caloria consumida (r=0,411, p=0,046) e ferro dietético (r=0,407, p=0,049). As demais variáveis analisadas não se correlacionaram. Crianças e adolescentes sobreviventes ao câncer apresentam aumento do risco cardiovascular e correlação positiva entre a CC e ingestão calórica e ferro dietético.